quinta-feira, agosto 10, 2006

"Pinkerton" - o regresso dos nerds... rebeldes



Ao segundo disco os Weezer mudaram. Melhor, Rivers Cuomo mudou, ou pelo menos, aparentemente, revoltou-se contra o inesperado sucesso do primeiro disco (ele que até queria ser uma estrela de rock).
"Pinkerton" começou por ser um disco polémico logo no título. Pinkerton é o nome de uma agência de detectives Norte-Americana, e, por esse facto a empresa abriu um processo judicial contra a banda alegando violação de direitos de autor. Tudo ficou resolvido quando Cuomo explicou que o nome foi inspirado na ópera "Madame Butterfly". Meandros extra-música sobre os quais não estou devidamente informado.
Depois do sucesso de "Blue Album", os Weezer quiseram desmistificar a imagem de meninice ingénua que os marcou a partir de então.
"Pinkerton" apresenta-nos os mesmos quatro rapazes num tom aparentemente mais rebelde. A produção rude do disco encobre as melodias cantaroláveis de "No other one" ou "Why Bother". Essa crueza, enquanto opção estética, como se o disco tivesse sido gravado num ensaio, nasce da dúbia vontade de abrir um novo rumo musical, passando nas encruzilhadas abertas pelo disco anterior (um publicitário diria: inovação na tradição).
Os golpes de génio acontecem assim: dissimuladamente premeditados. "Pinkerton" é um desses casos.
Abre raivoso com "Tired of Sex". Houve quem escrevesse que este tema era uma tentativa frustrada de canção; um esboço de canção. Pelo contrário, penso que "Tired of Sex" é deliberademente uma tentativa de não canção que o acaba por ser. No jogo da imprevisibilidade os Weezer ganham logo na linha de partida.
Seguem-se os fenomenais "Getchoo" (get you?) num piscar de olho a "Blue Album", "No other one" e "Why bother?". Mais uma vez o fascínio da imprevisibilidade com os ritmos, os breaks viscerais e anormais da bateria de Patrick Wlison a roçar o génio da difícil simplicidade.
O single "El Scorcho" e "The Good Life" encontra-os de novo bem dispostos mas sempre crus e não boçais.
O ritmo amaina até chegarmos a "Butterfly", a balada acústica que encerra o disco. Aí sim, percebemos que Pinkerton é o esvair de emoções de Rivers Cuomo, é o grito do leão rebelde que, depois de caçar a presa e saciado dá o último suspiro. Calmamente, como se os problemas de há dois minutos nunca tivessem existido.

O disco foi um falhanço comercial, mas uma preciosidade para a história do rock dos anos 90.

Depois de "Pinkerton" ouçam os The Rentals e os Ozma. Uns e outros com discos francamente superiores aos discos dos Weezer editados posteriormente a "Pinkerton".

www.weezer.com

www.therentals.com

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