quarta-feira, dezembro 23, 2009

Conversa de Café: Posição 1


Detesto política. Melhor, detesto a forma de fazer política no mundo complexo e exigente que hoje encaramos. Por isso vou falar dela. Melhor, vou escrever sobre um tema por demais abordado e esmiuçado, a roçar por vezes o absurdo em alguns argumentos: o aborto e os respectivos referendos sobre a sua despenalização até às 12 semanas de gravidez.

Recentemente discuti amenamente com dois amigos que discordaram liminarmente a existência dos dito referendos, porque, segundo argumentaram, existe um parlamento democraticamente eleito que aprova ou não aprova leis concernentes a todas as áreas da vida social e económica do país. Mais, defendem também que não deve ser a "populaça" a decidir sobre aquilo que consideram ser a decisão de uma só pessoa: a mulher. Concordo em parte com o primeiro argumento, discordo totalmente do segundo.

O aborto e a sua despenalização não é um tema que para ser tratado de ânimo leve, com um simples: "Elas que decidam". Por essa ordem de ideias, apenas as mulheres eleitas para o parlamento poderiam votar sobre esta matéria, ou, as mulheres portuguesas, no caso mais abrangente dos referendos. Os problemas que este delicado assunto levanta não têm a ver com uma questão de género, mas com uma questão de consciência, de reflexão e de responsabilidade. Sacudir a água do capote dizendo que as mulheres é que devem decidir sozinhas é uma posição de desresponsabilização social. Existem gravidezes indesejadas com mulheres solteiras, com casais casados, com casais a viver em união de facto. A parte não pode decidir pelo todo.
A discussão sobre o aborto extravasou para toda a sociedade portuguesa como nenhum outro assunto político social o havia feito antes (nem tão pouco a regionalização). A discussão subiu de tom entre as duas posições. De um lado os conservadores, a igreja, as associações pró-vida e outros lobbys hipócritas (sempre fui a favor do SIM), do outro um Portugal mais progressista, mais próximo de uma Europa que já vai de fugida há muito. Por isso a necessidade forçada de fazer os referendos sobre um tema que poderia ser aprovado em Assembleia com a maioria do SIM. No entanto, aquando da decisão de fazer o primeiro referendo, a clivagem entre as duas posições era por demais evidente e o NÃO ganhou uma força extra nos sectores mais conservadores da sociedade civil, onde evidentemente a igreja influenciou muitas consciências.

Com a vitória do NÃO o assunto foi adiado e não arrumado. A porta ficou entreaberta e nos dossiêrs da agenda política o tema voltou - felizmente - à discussão. De novo se poderia questionar o porquê da não aprovação do diploma no parlamento, uma vez que havia uma maioria de esquerda a votar claramente no SIM? Porque o precedente já havia sido aberto anteriormente, não havia forma de o contornar. A sociedade portuguesa voltou a abrir os ouvidos ao tema - com uma grande ajuda dos media, a amplificar a premência do problema de uma forma mais clarividente do que no referendo anterior.

Aí amigos, estamos de acordo: poupar-se-ia muito dinheiro sem os supra citados, mas nem a "populaça", nem os media se calariam. E nestas coisas de política de bastidores que eu tanto detesto, mais vale ser diplomático e dar a mão à palmatória.


Já dizia o outro: o SIM teria ganho com ou sem referendos? Teria, mas não seria a mesma coisa.

sexta-feira, novembro 13, 2009

Revisão da Matéria Dada


Por vezes a debilidade mental atenta contra a nossa inspiração. O cansaço, a rotina, as vicissitudes de uma vida que teima em retornar, embatem frequentemente com a vontade de escrever, desabafar ou simplesmente suspirar.

O tema é recorrente: as mutações do sistema social que continuam reféns de um sistema económico arrogante e obsoleto. Apregoam-se palavras de pânico. As principais: gripe vogal e crise económica/financeira.

E afinal onde estamos? Quem somos nós, espectadores condicionados às imagens de um primeiro-ministro que "tranquiliza" um país a levar uma "pica" em plena hora de ponta televisiva? Seremos os outros que ignoram os lucros da banca em plena época de "crise" e recessão económica? Serão o Benfica e os restantes clubes os bodes expiatórios para a cegueira geral?

Recorrente: a rotina, o cansaço, o mito teimoso que circula por entre os nossos dedos, o medo do "pecado" de querer mudar. É que para a maioria a vida é uma linha recta com uns quantos obstáculos pelo meio. Não serão uns quantos graves escandâlos que lhes afectarão a modorra "passagem". O pão e o vinho estão na mesa, a TV está ligada e a vida continua. Cansada... Sonolenta, sem charme. Embrião de vida. É assim que vivemos hoje: num chato e permanente embrião.

Será tempo de regar para depois colher? Se o sono deixar... É que a minha vida embrionária (e a de outros, suponho) constitui-se de muitas linhas... rectas, oblíquas, com obstáculos, sem obstáculos, de várias cores, formas e tamanhos... assim como uma maternidade repleta de recém-nascidos, puros e prontos a enfrentar os renascimentos que a vida lhes proporcionará...

sexta-feira, outubro 23, 2009

AMAR AdEUS


Encontrei- num amontoado de tralha, não sei quantos anos depois.

Os cadernos não são feitos para ficarem vazios. Devem ser entranhados com palavras, desenhos, riscos e rabiscos. Foi por isso que o resgatei da poeira onde se havia infiltrado há tempo indefinido.

Ao ver o meu nome de criança na capa assaltou-me - como é hábito - a curiosidade, e, ao abri-lo, um terço de página destapava subtilmente o título deste pequeno texto: "Amar a Deus", com letra de menino.

Deus ou deus, se preferirem, não haveria de crer um caderno vazio. Nem que de heresias se componha ele.

domingo, outubro 04, 2009

Há Vida em Fink

Por entre insónias e depois de uma batalha incessante no acesso às legendas - confesso: sou um admirador de cinema preguiçoso, que não prescinde das letrinhas na língua materna -, lá consegui visualizar Barton Fink, a obra seminal dos irmãos Coen.
Sem esmiuçar demasiado o enredo, Barton Fink poderia ser a história dos próprios irmãos Coen.
Começaram "a sério" com Blood Simple, entrando de imediato para a categoria de realizadores/argumentistas de culto à margem do sistema, mantendo esse estatuto até aos dias de hoje. Foi por isso que o Oscar chegou apenas em 2008, curiosamente com a adaptação de uma obra do escritor Cormac McCarthy, e que formal e estilisticamente segue a peugada de Blood Simple. Falo evidentemente de No Country for Old Men.
Entre, a rebeldia, o sonho, a timidez e a magia, o filme transporta-nos para o limbo hollywoodesco: céu/inferno (recordo-me de Lynch em Mulholland Drive, sem o humor negro dos Coen).
Barton Fink (John Turturro numa interpretação fabulosa) é um escritor de teatro com reconhecido talento em Nova Iorque. Timidamente decide aceitar uma carreira como argumentista de cinema para uma grande companhia de Hollywood. Inseguro - afinal de contas a instabilidade emocional das personagens parece ser uma das características transversais a toda a filmografia dos Coen - o escritor viaja para a costa Oeste com a certeza de nada. É destas características humanas que nascem o humor negro e corrosivo que em Barton Fink atinge proporções grandiosas. O burlesco hotel onde o escritor permanece durante a sua estada em contraste com as mansões dos grandes tecnocratas do cinema, a divisão entre o escritor da pobre condição humana e o argumentista vendido por um punhado de dólares ao cinema de massas, mas acima de tudo o bloqueio criativo nada conivente com os estúdios sedentos de ideias fúteis, conduzem-nos a um universo onde realidade e fantasia se cruzam e onde as outras personagens completam o puzzle de uma forma magistral (portentoso o papel de John Goodman).
A realidade é o que vemos explícitamente, ou é a fantasiosa realidade da mente do escritor imbuída de uma criatividade que é a dos próprios Coen?
O decor é profícuo em signos, metáforas de paradoxos. Serão as chamas o apocalipse de Hollywood ou ainda se vislumbrará esperança para além da linha do horizonte que divide o céu do mar?
Barton Fink venceu Cannes mas nunca poderia vencer Hollywood (ainda bem, digo eu).

terça-feira, setembro 08, 2009

Perseguição


Mãos gastas, enegrecidas

Cheias de veneno letal

Mostram-me sem medo

O Rumo, que sigo, que persigo

E sem olhar para trás

Solto um grito

Afónico, de Desespero,

de Saudade

Latejam-me as veias...

Sangra-me a alma...




Obrigado ao Neves por me mostrar o vídeo original

sexta-feira, setembro 04, 2009

Melancolía y Jaqueca



Incuria


Mutis


Ordinarío


Hálito


Lauritánico


Incurro


Imposibilidad...




En lo que a mí respecta, no soy religioso, ni si quiera clerical,


y me sirvo de textos y melodiás litúrgicos por motivos terapéuticos: me ayudan


de modo inmejorable a aliviarme las dolencias con que me agobia la Naturaleza: melancolía y jaqueca.




Existe un remedio con efectos pasajeros: El alcohol...

quinta-feira, setembro 03, 2009

Happiness... what a waste the way I feel

Por entre fados e talochas
Encontro o homem,
a criança,
o choro e o riso.

Mora em mim o desencontro
mas não o desalento.

terça-feira, setembro 01, 2009

México lindo y querido!


Después de tres meses de estar fuera de la enigmática y bien humeante ciudad de México, viajando por aldeas medievales, personas con acentos diferentes,recorriendo el Tejo desde Azambuja a Sintra y comiendo "Bacalhau" en todas sus modalidades, me encuentro finalmente en casa. Nada a cambiado y sin embargo sé siente bien estar en casa, de regreso a la ciudad con 20 millones de habitantes, horas pico en el metro,con sus correspondientes baches en las avenidas principales, marchas populares (apoyando al partido que suelte más despensas), y delegaciones expidiendo licencias para conducir a diestra siniestra por una módica cantidad de "200 pesitos"(Hay pa´chesco) ¿para que hacer examen? ¿A quién le importa si sabe o no sabe conducir el tipo del micro bus? ¡Ya ira tomando experiencia con el tiempo!. El costo real de la licencia es de 438 pesos más el correspondiente soborno. Ya sé que todo esto es parte del mosaico multicultural que conforma esta bella ciudad ¿pero en verdad es parte de ese mosaico, la cultura de la corrupción y del no pasa nada? Grandes Ciudades, grandes problemas.

El verdadero mosaico multicultural esta en sus artesanos, en los indígenas vendiendo sus propias cosechas en las principales avenidas de la ciudad, en sus personajes como "pavarotti" recitando poesía de Walt whitman con un vaso de mezcal en la mano, en las calles del centro Historico que nos ofrece una gran variedad de cultura y contra cultura,en las pulquerías, en las viejas librerías de Donceles, Garibaldi y sus muchachas. Todos ellos resistiendo y creando su propia cultura. Una cultura fuera de Televisa y sus campañas ñoñas para el uso del voto, fuera de Felipe Calderon y sus recortes presupuesta les para la educación.

Una vez me preguntaron ¿Que era lo que me identificaba como mexicana? A lo que yo respondí feliz y orgullosa. ¡Mi cultura! ¿En verdad está es mi cultura? ¿Que era lo que me hacia mexicana? ¿Pedro Infante y su aclamado "Toritoooo"? ¿La virgen de Guadalupe y su fiel escudero Juan Diego? ¿La lucha libre con su ya muy desgastado enmascarado de plata?¿El Tequila y Garibaldi? Y ni que decir de la sangre Azteca,Maya, Tolteca, etc... Esto es tan difícil de definir como la diferencia entre símbolo y signo, ya que se puede caer en los extremos chovinista.. En fin "Bienvenida a México".

sexta-feira, agosto 28, 2009

Simple Zeit...

Talvez seja por embirração. Um mês depois eis-me de volta. Conversas de café, ideias, devaneios e risos, salpicados por uma seriedade cortante de quem opina levianamente sobre assuntos sérios.

Zeitgeist (os dois filmes como um todo) tem invadido de forma inconstante as discussões de amigos em presença física ou via redes sociais virtuais - olá facebook.

O fenómeno Zeitgeist tem gerado sentimentos extremos. Como qualquer documentário que apresente uma ou várias teorias sobre determinadas matérias, deverá ser analisado com uma prudência que não se exige a uma ficção de Woody Allen ou de Steven Sodenbergh (meros exemplos). Alguns consideram-no um portal de salvação, outros torcem o nariz aquilo que dizem ser uma amálgama de teorias da conspiração.

O primeiro ponto perdido do documentário é exactamente a acertividade com que apresenta as teorias relativas aos temas sensíveis que aborda (religião, política, economia entre outros). Zeitgeist é uma espécie de Euronews marginal que tece críticas ao actual sistema social, económico e financeiro para depois nos apresentar a solução (quase) miraculosa que há anos tem vindo a ser desenvolvida por uma série de cientistas encabeçada por Jacques Fresco. A solução chama-se Projecto Venus e potencia o desenvolvimento tecnológico como base para a sociedade (quase) perfeita.

A verdade inabalável - leigo em questões económicas, mas sensível às questões sociais, concordo com grande parte do que é dito em todo o filme - de cerca de quatro horas de documentário esvai-se em vinte minutos de utópica grandiosidade. As ideias são bonitas mas esbarram no "quase" (esse maldito obstáculo que se opõe ao desenvolvimento humano).

O verdadeiro opositor ao desenvolvimento humano não são as instituições sociais, religiosas ou financeiras, é o próprio ser humano que, com o seu gene egoísta calcinam um futuro mais radiante. O "quase" é o esbarrar da humanidade no seu próprio umbigo, por mais grandiosas manifestações de boa vontade que possam haver. O Homem sempre necessitará de competição, de batalhas, neste sistema ou no sistema Venus de Jacques Fresco.

Zeitgeist não propõe uma mudança radical a curto prazo, mas canaliza o esforço para a via do desenvolvimento tecnológico gradual, como premissa para a mudança. Contudo, mudança está em cada um de nós, agindo localmente, sozinhos ou em pequenos grupos de intervenção.

A contradição está no assumir que existe um deficit de preocupação social para depois afirmar que nos devemos unir em torno... da tecnologia. Actualmente a tecnologia é uma forma de veicular informação, de espalhar ideias. É o meio, não a solução. A solução passa por nós, agentes sociais capacitados para fazer uma mudança razoável e coerente, intervindo nas mais diversas áreas, agitando mentes, instituições, abalando velhas convicções para que os nossos descendentes construam novas formas de viver mais sustentáveis, tendo como exemplo maior as energias renováveis referidas no filme.

No fundo trata-se de transformar o gene egoísta em gene altruísta, sendo que, o altruísmo é também ele uma forma de egoísmo, mas com duas direcções, com efeito boomerang: "dou para me sentir bem, para recompensar o ego através do PODER de dar".
Não é pernicioso... It's only the human nature.
P.S.: Preferi deixar de parte os temas específicos e polémicos relatados em Zeitgeist, alguns deles já por demais debatidos. Vejam, reflictam, tirem as vossas conclusões.

terça-feira, julho 28, 2009

Lágrimas no Jardim da Esperança

Cultiva-se a guerra, o ódio, a fome, a raiva, a exploração, a mentira.
As sementes estão gastas, sujas de sangue, de lágrimas, de suor exausto.
A cor desapareceu. O azul do céu foi invadido por lampejos de vermelho desesperante.
As noites deixaram de ser enebriantes e deram lugar à desconfiança, ao perigo, à ameaça instigada mas ausente.
Nestes momentos - como diria um amigo meu - é necessário optimizar, criar, ser original e digno. É preciso ultrapassar os problemas com ideias coerentes, mas também com amor e emoção.
Chega de colher frutos podres, enegrecidos por pobres almas cobertas de lustrosas e refinadas películas de ouro.
Façamos a diferença.


Recrutemos mais guerrilheiros

sexta-feira, julho 03, 2009

O Regresso do Verão

Por entre sol, nuvens e devaneios do coração, a festa prosseguiu, com a forçada tradição de touros, copos e apoteose de algibeira.

Assim passou o equinócio de Verão chocado com a morte de M.J.

O sabor da estação escuta-se aqui:

terça-feira, junho 02, 2009

PASSADO MELANCÓLICO


Revirando baús

Eis que encontro em meio a tantos papéis esses laudos

que ainda que recordem mágoas, conseguem trazer consigo, lembranças de um tempo de aprendizado e... CRESCIMENTO.


Eu até pensei que a gente poderia dar certo...
Até estudei o caso ...
Em meio ao acaso, de fato!
Pensei que pudéssemos amadurecer juntos...
Cultivar bons frutos juntos...
Caminhar unidos por aquele laço
Que eu pensei que nos unia...

Pensei que poderíamos dar voltas...
Mergulhar...
Sorrir...
Eu ao seu lado
E você ao meu...

Pensei que nós éramos mais que simples discussões
Mais que meras distrações...
Pensei que faria parte do seu mundo...
Num sentimento profundo...
De Coisas que somente nós poderíamos descobrir...

Mas...
Você já tinha descoberto demais...
Já testava maduro demais...
O suficiente para me fazer sofrer
Chorar...
Descrer...

Você...
Que tomou aquele cálice de egoísmo
E me deixou aqui...
Como uma boba iludida nesse mar de sonhos
De prantos...
De desencantos...



Ótima quarta a todos!

quinta-feira, maio 28, 2009

MADRUGADA...



Concentrar-se mais...
Escrever mais e melhor...
Conseguir produzir mais no silêncio que a correria do dia-a-dia não nos fornece!
Eis o dilema: noturno ou diurno?
A noite produzo com mais clareza, mais concentração. Tem-se uma consciência melhor do que se está fazendo.
Dá para vaguear pelos mais diversos lugares, organizar as mais estranhas coisas.
Dá pra fazer amor com mais geitinho, com mais carinho, com mais tranqüilidade! Hahaha
Vai dizer que não é??!?!?
E a verdade é essa: enquanto muitos dormem, tem um mundo que gira e fica acordado produzindo, trabalhando, exercitando, amando...
Para alguns: bons sonhos!
Para outros: bom trabalho! (seja ele o que for)
Para todos: boa noite!
E para todas as coisas que você for fazer: FAÇA-O DA MELHOR MANEIRA!

terça-feira, maio 19, 2009

Alegria

Vá-se lá saber porquê... a ventania não dá tréguas. Devo 3 horas de sono ao rectângulo de esponja. A hora é de muitos suspiros, respirações descompassadas, incertas. Dêem-me um sino, remarquem o compasso. Pulsação lenta...
Apenas me contento com tanto apesar de me alegrar com tão pouco. As razões do contentamento são superficiais, as da alegria profundas.
Esse sorriso que rasgas agora e que me trespassa a íris em direcção a uma alma atordoada é a minha infinita ALEGRIA.


segunda-feira, maio 04, 2009

Mon Cher Ward

Há momentos em que a impotência se apodera de uma forma avassaladora. Sem razão aparente e sem pedir licença. Na competição apenas a resignação se revela um sentimento mais amendrontado. Face à impotência podemos tentar conquistar nova posição, por vezes apenas com um esgar de vista.
A resignação é a conduta do medo, do facilitismo, da negação.
M. Ward lançou há pouco tempo o seu último registo intitulado Hold Time. Missão cumprida. As canções podiam ser as de um qualquer registo anterior, mas Ward talvez tenha sentido essa mesma impotência para desbravar novos caminhos, preferindo "parar o tempo" e trabalhar mais aficandamente no apuro melódico que a sua bagagem musical já trazia, o que de certa forma afasta a hipótese de preguiça ou resignação. Enquanto assim for M. Ward será sempre bem vindo.
Oiçam sem preconceitos, como se estivessem realmente presos numa bolha de tempo.




sábado, abril 25, 2009

Sonho de Barba Azul

Há coisas que (in)felizmente não podemos controlar.
Os sonhos podem ter diferentes matizes e rondar os mais diversos temas. As narrativas são cruzadas, confusas, periclitantes, oscilantes. O acordar é a ruptura maciça com as pulsões que mais dificilmente conseguimos controlar.
Nos sonhos não hesitamos, somos puros. A alma conduz-nos e a estrada não nos leva por um caminho estatizado, assim como uma folha que cai sem destino certo ou uma gota de água gorda que percorre a atmosfera por caminhos que desbrava sem saber, atingindo o que não procurou...
Se pudesse escolher uma banda sonora para hoje sonhar, esta canção estaria incluída:

segunda-feira, abril 20, 2009

Jugando a ser Dios


And if he left off dreaming about you.....





¿Qué pasaría si de pronto nos dejaran de soñar?


Pareciera una fatalidad, ya qué nuestra existencia esta sometida a los designios de alguna persona qué nos sueña día tras día. Al menos eso es lo que nos narra Jorge Luis Borges en su magnifico cuento "Las Ruinas circulares" extraído de su libro "Ficciones". Está es la historia de un hombre que sueña con otro hombre. El personaje carece de nombre, de identidad y de rasgos físicos, su única característica es ser un hombre mágico. Este hombre tan particular, llega hasta un antiguo templo en ruinas con forma circular y comienza a soñar de forma consiente a un hombre como modelo perfecto. Al principio son sueños caóticos y después sueños dialécticos, mas tarde comienza a darle forma a su creación, un hombre perfecto instruido en los conocimientos eruditos del mundo. Pero en un determinado momento despierta el soñador y se da cuenta qué su creación ha desaparecido. El soñador hace un nuevo intento y cuando por fin logra su propósito este se disipa una vez más. Sufre terriblemente con lo sucedido y en medio de ese dolor descubre que él mismo, el soñador, no tiene realidad. Él es producto imaginario de otro ser.

Borges juega con nuestra mente, la retuerce y la manipula para hacernos sentir que estamos jugando a ser Dios, soñando día tras día a nuestro ser perfecto.

terça-feira, março 31, 2009

Gran Torino - Transformação Inevitável



Gran Torino marca o regresso de Clint Eastwood ao duplo papel de realizador/actor, depois de ter realizado Changeling o ano passado. Mais do que o regresso de Eastwood ao papel de actor, Gran Torino é o reflexo esbatido no espelho da súmula de toda a sua carreira.
A pele que veste é a de um Harry Callahan envelhecido, ou mesmo de um blondie (O Bom, o Mau e o Vilão) do séc. XXI.
Walt Kowalski é um veterano de guerra da Coreia, arrogante, solitário e xenófobo entregue à sua rotina enfadonha num pequeno bairro de Detroit.
"Orfão" de família, recém viúvo, impermeável à palavra de deus, e renitente às mudanças sociais que se fazem sentir no seu país, Kowalski vive circundado por um clima de violência latente com confrontos constantes entre gangs de diferentes etnias.

Com a chegada ao bairro de novos vizinhos Hmong, de etnia asiática, Kowalski pouco mais pode fazer do que maldizer a sua sorte e repelir alguns dos vizinhos que se atrevem a passar a fronteira do seu pequeno território limitado pela relva defronte da sua moradia.
Contra a sua vontade Kowalski é obrigado a intervir numa briga familiar que envolve um jovem vizinho Hmong. De forma gradual Kowalski vai construindo uma relação de confiança com o jovem, ao mesmo tempo que vai desconfigurando a sua personalidade rude e grosseira.
É aqui mesmo neste ponto que reside a genialidade de Gran Torino. A forma como Eastwood reveste a personagem de Kowalski com o mito das suas anteriores personagens - o referido Harry Callahan, o cowboy "seco" dos westerns de Sergio Leone, Bill Munny de Imperdoável ou Terry McCaleb de Dívida de Sangue -, todos eles rebeldes, marginais e de alguma forma fragilizados pelo sistema ou (mais recentemente) pelo estado de saúde, para depois tornear esse mesmo mito e descobrir um outro ser humano nascido dessa mesma desconfiguração da personagem atrás referida.

Eastwood sucumbe, de forma sublime, à tentação de humanizar e redimir o universo que construiu ao longo da sua extensa carreira. Não desvirtuou a sua linguagem, não entrou no plano da lamechice e construiu um filme que, em menos de duas horas faz a ponte entre um estereótipo de actor e a inevitabilidade da sua transformação.
A direcção de actores é genial - Ahney Her no papel de Sue tem um desempenho fantástico, tal como Hillary Swank em Million Dollar Baby e Angelina Jolie em Changeling também já o haviam tido.

A canção do genérico final composta por Eastwood, Kyle Eastwood (seu filho) e Jamie Cullum, onde o actor tem uma pequena participação vocal deixa-me colado à cadeira com a estranha sensação de estar a assistir ao velório de um actor muito especial.

Sorrio e saio.

Obrigado. Descansa em paz... Harry Callahan.

sexta-feira, março 27, 2009

The Ruby Suns em dose tripla

Os Ruby Suns já tiveram merecido destaque aqui no Rebuçados.
Desta vez a boa nova já chegou. Ontem os Ruby Suns actuaram no salão Brasil em Coimbra, hoje estarão no clube Maus Hábitos no Porto e amanhã descem a Lisboa para um concerto prometedor na Galeria Zé dos Bois.
Neo-zelandeses com cerca de 5 anos de carreira, os Ruby Suns misturam as melodias adocicadas dos Beach Boys com o psicadelismo colorido de Syd Barret. Estão próximos dos Animal Collective, mas não descarregam turbilhões de ruído circular de forma tão explícita. Avista-se também El Guincho mas sem a guelra latina. Os Ruby Suns estão mesmo mais concentrados nas canções. Os detalhes são apenas preciosismos que podem fazer a diferença - e fazem mesmo.
Na bagagem trazem dois discos irrepreensíveis: o homónimo "The Ruby Suns" de 2006 e o apuramento de forma com "Sea Lion" de 2007.
Quem marcar presença concerteza não sairá defraudado.

Ouçam aqui


quinta-feira, março 26, 2009

Salada de Música

Consumido por uma gripe avassaladora e com os neurónios a meio gás, decidi fazer mais um joguinho fútil:

Pensemos em bandas ou músicos que tenham uma fruta - ou mais - no nome.

Começo eu. Vocês podem deixar - como sempre - as vossas sugestões.

  • Orange Juice - a banda de Edwin Collins que, a solo, obteve razoável sucesso com a canção "A Girl Like You").
  • The Apples in Stereo - Os Beatles no séc. XXI.
  • Black Grape - o pós Happy Mondays
  • Lemon Jelly - chill out colorido
  • Lemonheads - Evan Dando entre o punk, o grunge e a pop
  • Blind Melon - a banda do malogrado Shannon Hoon conquistou o planeta com o single "No Rain"
  • Eagle Eye Cherry - Huuuummmm....
  • Tangerine Dream - o progressivo electrónico alemão.
  • Peaches - Electro qualquer coisa.
  • Smashing Pumpkins - não sei onde se incluem as abóboras. É melhor pesquisar na Wiki. Para já fica assim.
  • The Cranberries - "Zombie" ainda ressoa algures aqui dentro. Vade retro.
  • Fiona Apple - senhora de si. Sólida carreira, que, confesso, quase desconheço.
  • Bananarama - invenção mercantilista dos 80's. Paródia.



sábado, março 14, 2009

Dose Dupla com Doc. e Fic.

Com o sol antecipado da Primavera nada melhor que um passeio retemperador para o fim-de-semana.
Para os mais sossegados, que preferem a pacatez da noite acompanhada com um filmezinho, aqui ficam duas sugestões.
"Gates of Heaven" (1978) - O documentário de Errol Morris oferece-nos muito mais do que as imagens explícitas de um cemitério para animais. Oferece-nos experiências de vida, relações humanas e um "modus vivendi" muito especial de uma família que se dedica a esse negócio específico.
O fluir de uma sensibilidade tão pura que fez Werner Herzog - vai estar em destaque no próximo Indie Lisboa - comer o seu próprio sapato.
Mais



"Gegen die Wand" (2004) - O multiculturalismo latente na sociedade alemã. A especificidade turca, a marginalidade, a rebeldia, os conflitos familiares, os conflitos sociais, drama, romance e uma portentosa interpretação de Birol Unel no papel de Cahit Tomruk.
Um dos meus preferidos dos que vi até agora durante este ano.


segunda-feira, março 02, 2009

Safe: Salvação humana, salvação mundana


Estamos em 1995. Todd Haynes - que mais tarde viria a realizar a alegoria estilizante do glam-rock chamada Velvet Goldmine -, realiza um filme que contém em si a semente premonitória do que será um dos temas mais debatidos no alvor do séc. XXI - o ambiente, a sua degradação, efeitos e danos colaterais.

"Safe" conta a história de uma mulher, Carol - Julianne Moore numa excelente interpretação -, que vai ficando física e psicologicamente debilitada sem razão ou motivo aparente. A medicina convencional não encontra resposta para o seu problema e é então que encontra num pequeno flyer aquilo que pensa ser a razão da sua debilidade: a doença do séc. XX, que exponencia a exposição continuada ao meio ambiente degradado, constantemente bombardeado com químicos, radiações, e outras inconveniências maiores, como factor primeiro para o desenvolvimento dessa mesma doença. Efeitos: enxaquecas, tosse convulsa, náuseas, vómitos e sangramento do nariz (aquilo que o médico de rotina lhe havia sugerido como efeitos pós-stress).
Com uma personalidade frágil e vulnerável, Carol decide investir na resolução do seu problema inscrevendo-se num centro "ecológico" isolado de todos os elementos perniciosos ao meio ambiente.

"Safe" é isto em jeito de sinopse, mas Todd Haynes apresenta-nos este aparente banal exercício ficcional sobre o estado do ambiente como uma falácia para se embrenhar em algo mais profundo: as fragilidades e a impotência do Homem em lidar com a sua própria consciência.
Na verdade "Safe", contém doses bastante consideráveis de terror psicológico, desde a criação de um medo maior que se traduz em enfermidade, até ao condicionamento psicológico que leva o ser humano a tomar decisões com base em premissas empíricamente e cientificamente inusitadas.

Carol é internada num centro miraculoso que desenvolve o seu método de trabalho através de modelos pensados por um guru que promove a apologia do amor e a celebração da vida através da auto flagelação psicológica dos seus utentes. As pontas da narrativa ficam soltas quando Carol descobre que junto do centro passa uma auto-estrada, quando vê uma personagem misteriosa que percorre os campos sem se aproximar (o outsider que não logrou aliar-se ao grupo?) e descobre ingenuamente que o guru Peter vive numa mansão sobranceira a todo o complexo. O que porventura poderia indiciar a derrocada da suposta "banha da cobra" que é o centro (a morte de um dos utentes), acaba por surtir um efeito nulo em todos os que já lá se encontram. É nesta inquietação que Haynes nos deixa: a ignorância sobre o que nos põe defronte da vista. Pesadelo ou sonho azul? Talvez nem um nem outro - embora o primeiro esteja mais próximo da verdadeira intenção de "Safe" (a banda sonora também o induz).
Nesta altura o título do filme é realmente sugestivo. A aparência da virtude de um título que nos diz literalmente "a salvo" é a imagem antagónica de um salve-se quem puder da conspiração global que nos mata lentamente, mas não nos salva de nós próprios. Aqui a tradução é mesmo: dentro da redoma, como num cofre. Assim o vemos na sequência final.

Os planos fixos começam por ter um papel contextualizador do tempo e do espaço, depois vão acentuando uma certa gravidade inerente à própria narrativa, enfatizando as matizes das imagens que em diversos momentos se vão pronunciando e há medida que nos aproximamos do final, se afunilam em tons mais pardacentos.

Lester é o paradigma do filme. Vejam e saberão do que estou a falar.


Informações adicionais aqui , aqui e ainda aqui







quinta-feira, fevereiro 19, 2009

13-Tzameti: A Oração dos pobres, ajoelhados perante os infortunados de espírito


13 - Tzameti é o nome do filme que acabei de ver há momentos e que continuo ainda a digerir. Não porque seja uma trama demasiado intricada ou que precise de grandes laivos de imaginação para discernir o que a narrativa nos propõe durante cerca de hora e meia. De facto, 13, é uma alegoria da vida moderna, um drama violento que nos apresenta ângulos diametralmente opostos de uma sociedade que exalta a opulência e a ganância por uma lado, a pobreza, a miséria e o desespero por outro.
A realização é do franco-georgiano Géla Babluani e conta a vida de Sebastian, um jovem emigrante de leste que vive com a sua família em França e que trabalha como carpinteiro.
Em determinado momento da sua vida, decide arriscar-se numa aventura que o seu falecido patrão não teve tempo de concretizar. Uma aventura que ele próprio desconhece, mas que envolve muito dinheiro.
A nú e de forma implícita ficam as dificuldades que os emigrantes têm de passar para conseguirem uma vida melhor e mais digna fora do seu país de origem. Sinal de uma Europa em constante mutação. Mas do que o filme trata é do lado mais negro dessa mudança.
Ora, numa abordagem mais detalhada, a caixa de pandora do filme (a carta misteriosa que o patrão recebe) é, por um lado a esperança de um junkie - o patrão - endividado e por outro a solução da vida pobre de Sebastian que não vislumbra um horizonte luminoso à sua frente. Esta é a premissa básica do filme que prossegue em toda a linha narrativa com desenvolvimentos cada vez mais pulsantes e aterradores.
A meio do filme o easter egg indiciado pela carta misteriosa é desvendado e é então que a violência nos é oferecida descaramente. Vidas pobres em jogo à custa da ambição e da ganância dos ricos, como mito pernicioso da sociedade actual.
Ao contrário do que poderíamos julgar 13 não é um filme espectral, que deixe uma silhueta de esperança para além da sua duração. O seu fim morre exactamente com o plano final, sendo que as conjecturas que possamos fazer para além disso não passem de meras futilidades perante o fechamento narrativo que Géla Babluani nos propõe.
O preto e branco é uma escolha óbvia para a acentuação do dramatismo já subjacente à história. Também o vejo como metáfora ao (des)governo da sociedade global, sem escrúpulos, revestida com o verde das notas e despida de valores.
Para ver com nervos de aço e de preferência acompanhado com um bom whisky.
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quinta-feira, fevereiro 12, 2009

A Crise Humana

Vivemos na era da individualidade, da evocação proverbial do ego.
Na verdade a crise financeira e económica que agora atravessamos transformou-se numa bem mais gravosa crise social, com a consequente crise de valores e de confiança que as próximas gerações lamentavelmente terão de atravessar.
Podemos culpar o sistema neo-liberal, o capitalismo, o terrorismo e muitos outros "ismos", mas o problema essencial reside em cada um de nós, enquanto seres humanos educados sob a égide católica, muçulmana, judaica, ateia, hindu ou outra qualquer. É na própria individualidade e na sua abstenção face a valores comuns a uma sociedade dita igualitária e fraterna, que reside o grande problema social actual.

O indíviduo passou a tomar conta de si pouco se importando com outrem: " Então? Como é que é? Tudo bem?" "Sim, vai-se indo". Quantas e quantas vezes ouvimos repetidas vezes estas expressões na nossa vida diária? Provavelmente dezenas de vezes. É verdade. Tornou-se um hábito mecânico, tal como acordar todos os dias à mesma hora para ir para o emprego ou lavar os dentes antes de deitar. É algo que dizemos ou fazemos institivamente, mas que não deixa de ter um certo condimento caricatural.

Não me proponho fazer uma análise geracional que sustente uma teoria sobre as contigências da vida social actual, mas para todo o efeito e com base no senso comum (que na maioria dos casos é o factor de maior peso na expressão das nossas opiniões), sinto que as gerações que me precederam tinham, de uma forma geral, uma série de valores quase intocáveis: a justiça, a amizade e a confiança eram pilares, que dificilmente eram abalados.
O companheirismo, e a entreajuda são hoje linhas ténues no horizonte. O Amor deixou de se espalhar para se concentrar, em nós próprios. Hoje não lutamos em conjunto contra uma injustiça, lutamos entre nós próprios porque queremos ser melhores, ter mais poder, mais influência. Hoje não me indigno contra o meu empregador por não me ter sido aumentado o salário segundo o decreto-lei nºxxx, porque tenho medo de sofrer represálias. Se o meu colega me fizer uma proposta para um abaixo-assinado a manifestar essa mesma indignação eu digo que vou pensar, mas acabo por não assinar.

Hoje seria impossível existir um movimento com a força de um Maio de 68 ou com a força dos movimentos populares e militares que derrubaram as ditaduras do séc. XX.
O perigo do sistema em que vivemos é que, ao contrário de uma ditadura, as forças do real poder são invisíveis e a invisibilidade torna-as imunes. Não existe um rosto, não existe uma figura ou várias a quem possamos apontar o dedo como pudemos (ou podemos ainda) com Salazar, Estaline, Hitler, Franco, Pinochet, Fidel ou Sharon...

O mundo encontra-se numa encruzilhada, mas nós cabisbaixos só pensamos no nosso projecto post-mortem. Isso mesmo, post-mortem. Aquilo a que nós hoje, cidadãos do mundo chamamos de projecto de vida nada mais é que a marca - mais ou menos ambiciosa - que pretendemos deixar cá, e com a qual queremos que sejamos lembrados depois da inevitabilidade da morte. Queremos ser lembrados no futuro por aquilo que fizemos no passado.
Na era da individualidade, aquilo que realizamos hoje será a marca de um passado que há-de vir ou não. Aquilo que projectamos para o futuro é a miragem do que poderemos ser depois de já cá não estarmos. Para nós, seres individuais que vivemos este tempo de crise a vida é um longo projecto post-mortem. No passado "colectivo" não terá sido assim. No futuro espero que também não.

domingo, fevereiro 08, 2009

Tight and Squeeze

Por vezes erguem-se ondas tumultuosas que atravessamos com a pressa
De um Moisés imprundente,
Desembocamos em vielas de vício, medo e despudor.
Quando a mão que nos estendem traz escondida a falsa esperança e o mal espelhado
No rótulo ébrio de uma garrafa sorridente,
Sucumbimos como lebres sob a mira de uma espingarda que dispara antes de perguntar.

quarta-feira, janeiro 21, 2009

Wilco em Portugal



Os Wilco irão actuar pela primeira vez em Portugal nos próximos dias 30 e 31 de Maio.
Na primeira data a banda actuará no Teatro Circo em Braga. No dia seguinte descem até à capital para uma actuação no Coliseu dos Recreios. Na manga vão trazer o novo disco com edição prevista para o mesmo mês.

Será uma honra receber uma das bandas mais proeminentes do designado Alt-Country.

Encontramo-nos daqui a 4 meses, sensívelmente.