13 - Tzameti é o nome do filme que acabei de ver há momentos e que continuo ainda a digerir. Não porque seja uma trama demasiado intricada ou que precise de grandes laivos de imaginação para discernir o que a narrativa nos propõe durante cerca de hora e meia. De facto, 13, é uma alegoria da vida moderna, um drama violento que nos apresenta ângulos diametralmente opostos de uma sociedade que exalta a opulência e a ganância por uma lado, a pobreza, a miséria e o desespero por outro.
A realização é do franco-georgiano Géla Babluani e conta a vida de Sebastian, um jovem emigrante de leste que vive com a sua família em França e que trabalha como carpinteiro.
Em determinado momento da sua vida, decide arriscar-se numa aventura que o seu falecido patrão não teve tempo de concretizar. Uma aventura que ele próprio desconhece, mas que envolve muito dinheiro.
A nú e de forma implícita ficam as dificuldades que os emigrantes têm de passar para conseguirem uma vida melhor e mais digna fora do seu país de origem. Sinal de uma Europa em constante mutação. Mas do que o filme trata é do lado mais negro dessa mudança.
Ora, numa abordagem mais detalhada, a caixa de pandora do filme (a carta misteriosa que o patrão recebe) é, por um lado a esperança de um junkie - o patrão - endividado e por outro a solução da vida pobre de Sebastian que não vislumbra um horizonte luminoso à sua frente. Esta é a premissa básica do filme que prossegue em toda a linha narrativa com desenvolvimentos cada vez mais pulsantes e aterradores.
A meio do filme o easter egg indiciado pela carta misteriosa é desvendado e é então que a violência nos é oferecida descaramente. Vidas pobres em jogo à custa da ambição e da ganância dos ricos, como mito pernicioso da sociedade actual.
Ao contrário do que poderíamos julgar 13 não é um filme espectral, que deixe uma silhueta de esperança para além da sua duração. O seu fim morre exactamente com o plano final, sendo que as conjecturas que possamos fazer para além disso não passem de meras futilidades perante o fechamento narrativo que Géla Babluani nos propõe.
O preto e branco é uma escolha óbvia para a acentuação do dramatismo já subjacente à história. Também o vejo como metáfora ao (des)governo da sociedade global, sem escrúpulos, revestida com o verde das notas e despida de valores.
Para ver com nervos de aço e de preferência acompanhado com um bom whisky.
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