segunda-feira, agosto 13, 2007

Sines: Sexta 27, o epílogo emocionado e... racional

Hoje é o dia da prometida sardinhada, mas não se pode começar a pensar em fazer uma sardinhada relaxada às 13h.
Saímos para comprar provimentos para o almoço no mini-mercado mais próximo. Eu opto pela fruta (um melão de 4,5 kg) e umas cervejas, enquanto o Ricardo e o Guru invadem a secção de enlatados para prepararmos umas sandochas rápidas. E eis que aqui neste pequeno espaço comercial dou pelo primeiro sinal de que o festival começa a ganhar contornos mais grotescos, típicos dos já clássicos festivais rockeiros. Uma garrafa de cerveja é roubada enquanto os larápios vão distraindo os donos e os clientes.
Voltamos ao parque e merendamos o melão e as sandes. A acompanhar, umas cervejitas bem frescas.
Tempo de ir até à praia. Ao passarmos pela avenida ouvimos o sound-check dos Aronas, banda que iria actuar durante a tarde no palco da Avenida. Parece-nos interessante e por isso optamos por adiar meia-hora a marcação do restaurante.


De volta ao parque para um duche frio bem retemperador. Quando descemos as escadas que dão acesso à avenida já os Aronas põem corpos a mexer. Uma interessante fusão entre o jazz "étnico", a que não é alheio o uso de steel drums e outras percussões.
Aron Ottignon é o mentor do projecto e exímio pianista. Comunicativo q.b., vai injectando doses de adrenalina e rebeldia nos corpos que com ele dançam esta espécie de jazz improvavelmente selvagem. Mais um óptimo concerto na praia.



A refeição que se segue é enganosa e manda-nos seguir para um restaurante "um pouquinho mais distante, mas com o mesmo preçário". Desta vez a simpatia não compensa a demora, porque no castelo espera-nos Hamilton de Holanda, por muitos considerado o maior bandolinista do mundo. Classificações etéreas à parte, Hamilton dá um verdadeiro show (para não desvirtuar a "brasilidade" do termo), não apenas de bandolim, mas de música. Apesar de chegarmos atrasados, assistimos a momentos de elevado grau de emoção. Em Hamilton e também na sua banda, os instrumentos são um prolongamento da alma, da razão, do sentimento... É por isso que os músicos cantam o que tocam, mesmo quando o instrumento é a... bateria. Chegou a arrepiar.

Expectativas altas para a actuação do World Saxophone Quartet de David Murray. Não são correspondidas de todo, ainda que a habilidade técnica dos músicos e as várias versões adulteradas de músicas de Hendrix tenham feito rasgar alguns sorrisos.

O fraco entusiasmo pelo colectivo fez-me sair do recinto com a Rita e a Raquel para ir buscar umas cervejas mais baratas.

Rachid Taha também passou, mas sem distinção. Por esta altura, e com o castelo mais cheio que nos dias anteriores, a fusão entre músicas do mundo e o universo mais rockeiro era mais que evidente. Talvez por isso Taha tenha incendiado uma boa parte do público. E não desminto a minha satisfação pela versão de "Rock the Kasbah" dos Clash.

A multidão é já enorme na saída do castelo para a avenida. Eu e o Ricardo ficamos pelas bancas de cd's. O resto da trupe decide ir descansar. Compro "Wise and Otherwise" de Harry Manx sem hesitar. Depois descemos até à avenida mas decidimos dar uma folga à música na última noite em Sines. No palco estão os La Etruria Criminale Band e o som parece-me um pastiche entre Emir Kusturica e Gogol Bordello.

Passeamos pelas bancas de comércio e decido juntar mais um chapéu à colecção.
Pausa para relaxar, comer uma picanha, beber umas cervejas, encontrar pessoal do Cartaxo e vislumbrar o David Murray na mesa em frente.
Hora de voltar...
A despedida é feita no dia seguinte no timing certo. Não que não gostasse de por lá ficar, mas se durante Sexta-feira o pulsar já era menos saudável, no Sábado sinto já a pressão dos "outros festivais" - barulho, sujidade, bebedeiras incomodativas...


De volta às origens em formato mini-caravana com bailarico e Geração XXI na Festa de Vila Chã de Ourique.


Obrigatório...


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