Os Boo Radleys foram uma das bandas mais criativas do movimento britânico dos anos 90. Formados ainda nos anos 80 (precisamente em 1988), a banda foi influenciada tanto pelos Velvet Underground, como pelos Beatles, pelos Pink Floyd como pelos Beach Boys ou ainda pelos mais contemporâneos My Bloody Valentine ou Stone Roses.
Os Boo Radleys são um daqueles casos paradigmáticos em que a junção de uma miríade de influências não é necessariamente sinónimo de reciclagem. Se nos dois primeiros discos "Ichabod and I" e "Everything`s Alright Forever" se encontra uma colagem mais ou menos óbvia ao movimento shoegazing (guitarras em delírio) de uns My Bloody Valentine ou de uns Jesus and Mary Chain, em Giant Steps os Boos afirmam a sua individualidade, a sua personalidade musical. As influências estão lá, e são perceptíveis, no entanto encontram-se dilíudas num caldeirão onde foram habilmente misturadas de forma a resultar numa "receita" inovadora: as guitarras em ácido de "I Hang Suspended" sucedidas de uma melodia vocal e até instrumental devedoras de uns Beatles. Há incursões reggae em "Upon 9th and Fairchild" e no single (que tema) "Lazarus", melodia à la Beach Boys com laivos de Cure em "Wish I was Skinny".
Giant Steps é um disco de canções, daquelas que num instante estamos a cantarolar e de repente nos ferem os ouvidos com pedaços soltos de ruído branco. Todo o disco se encontra polvilhado com rasgos psicadélicos que vão do feed-back "doloroso" das guitarras, à espiral de ruído que quase abafa todos os instrumentos (ouçam a parte final da excelente "Leaves and Sand" ou também o final de "Butterfly McQueen"- será uma alusão a Steve McQueen o actor no famoso "Papillon"?.
Para ouvir do início ao fim, bem alto e sem consumo de substâncias ilícitas pelo meio. Os danos causados poderão ser irreversíveis.
De referir que o principal mentor do projecto, Martin Carr, tem actualmente um projecto bastante interessante em nome próprio denominado Brave Captain.
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