Dune(1984) de David Lynch
Antes demais, queria agradecer o convite para participar no Rebuçados Aleatórios. Obrigado Pitta. Vou tentar dar o meu melhor. E pronto, queria também mandar um "Olá!" (não necessariamente o gelado) aos restantes companheiros de blog.
Escolhi para a minha estreia aqui no blog, um grande filme de culto: o Dune de David Lynch (featuring Sting). Baseado num livro escrito por Frank Herbert, que teve já direito a duas versões, esta que vos falo hoje e outra mais recente, em 2003, que tentou colmatar aquilo que a versão de Lynch não conseguiu fazer tão bem: ganhar dinheiro. Houve também uma mini-série, baseada nesta história, Children of Dune, que conta os eventos que se passaram a seguir à história original, que recomendo também bastante, mas que não é para aqui chamada agora.
David Lynch, goste-se ou não dele, é um realizador único. Os seus filmes não são fáceis de digerir decerto, sendo ele por isso, um pouco ignorado pela multidão cinéfila mais mainstream. Mas Dune, é provavelmente, um dos seus filmes mais acessiveis: consegue-se chegar ao fim e perceber a história toda. Não sendo contudo, um filme para se perceber totalmente à primeira vez, é um filme para se vêr várias vezes, para se ir descobrindo os pequenos pormenores, devagarinho e com paciência.
Dune, passa-se num futuro distante, no ano de 10191, sendo o desértico planeta Arrakis (o planeta onde ninguém se lembra da ultima vez que choveu), o terreno de batalha entre 2 facções de Nobres rivais, os Harkonnem e os Atreides, que se degladiam num confronto armado pelo imperador do universo, a fim de eliminar os Atreides, e pôr os brutais e impiedosos Harkonnem a controlar o planeta. Pelo meio, o povo oprimido dos Fremen, escondido nos desertos, que luta pelo direito a viver no seu planeta natal.
Quem dominar este planeta, dominará o universo, pois apenas aqui cresce a especiaria Spice Melange. O bem mais importante deste futuro longinquo. Esta especiaria, é de facto, uma poderosa droga, que dá poderes fantásticos a quem a consumir, levando a uma fantástica evolução da mente do seu consumidor.
O filme gira aliás, sempre em torno da mente e dos seus poderes. A evolução tecnológica como conhecemos hoje, já não faz mais sentido naquela civilização, focando-se por isso, principalmente no desenvolvimento da mente em detrimento das máquinas.
Apesar, de ser feito em 1984, o filme está ainda dentro da data de validade, e bom para consumo. Os efeitos especiais, longe da sofisticação actual, não envergonham o filme. E a banda sonora cria um ambiente propício, bem como as interpretações dos actores. David Lynch na realização faz o resto, cria uma experiência sensorial bastante impactante e emotiva. A qual, acrescente-se, é enigmática e perturbante.
Interessante no filme para mim, são também os pequenos pormenores. O bem mais importante naquele universo, é uma droga com efeitos psicadélicos: Frank Herbert seria um hippie que gostava demais do LSD e lhe dedicou um livro? E será Arrakis uma metáfora ao Médio Oriente? Um deserto onde a água é preciosa, e forças invasoras lutam para ter acesso ao bem mais poderoso do território. Poderá a Spice Melange ser uma metáfora ao petróleo também? E se assim for, não representarão os Fremen, todos os árabes oprimidos que se voltam em Jihad (no filme, os próprios Fremen usam essa expressão) contra o mundo ocidental?
E pronto, já está. Vão ver o filme, se ainda não viram. É um crime não o conhecer. Não tenham medo dele. Como se diz no filme: "Fear is the mind-killer"!