terça-feira, setembro 27, 2005

Intervalo para "Intermission"


Ontem decidi alugar um filmezinho. Estava com vontade de exercitar os neurónios, ao contrário do que acontece na maioria dos fins-de-semana em que só me apetece refastelar no sofá e ver um daqueles "blockbusters hollywoodescos" (excepção feita à programação televisiva da maioria dos canais, onde são raros os bons "blockbusters" que passam). Bem, mas como dizia, no vídeo-clube deparei-me com uma escolha difícil: "Team America" (não, ainda não vi) ou "Intermission". Salvas as devidas diferenças entre ambos os filmes e devido à tal necessidade preemente de pôr os neurónios a funcionar, decidi que seria mais sensato alugar "Intermission", até porque mais facilidade terei em ver "Team America" numa das sessões de cinema nas Caldas da Rainha.
Seleccionado para uma série de Festivais de Cinema (tendo inclusive sido nomeado para alguns prémios, "Intermission" pareceu-me ser, pela sinopse que li, uma intricada teia de relações - e confusões - entre pessoas; um exercício de exploração de personalidades mais ou menos bem construídas.
Não andei longe da verdade, mas no entanto, "Intermission" não foi tão complexo e tão profundo como pensei. Em termos genéricos o filme explora a relação que se constrói entre pessoas de uma mesma comunidade, tendo em consideração as implicações que um ou vários acontecimentos podem ter na manutenção e mesmo na construção dessa relação.
Lehiff (Colin Farrell) é um ladrãozeco de bairro constantemente ameaçado pelo "abrutalhado" detective Jerry Lynch (Colm Meaney). John (Cillian Murphy) acabou recentemente com a namorada e o seu amigo Oscar (David Wilmot) não consegue obter prazer sexual há algum tempo. Estas são algumas das personagens que aparentemente não têm qualquer relação óbvia entre si, mas que com o desenrolar dos acontecimentos acabam por estabelecer uma conexão mais ou menos próxima. Acontecimentos muitas vezes banais têm repercussões enormes na vida daquelas pessoas. Estamos perante o típico jogo cliché de relações causa-efeito.
Estão a ver "Trainspotting", "Cães Danados" ou "Pulp Fiction". Andamos por aqui, mas sem lá chegar, se é que me faço entender. No entanto, o propósito do realizador John Crowley não caiu de todo por terra. Longe disso. O filme está bem conseguido, tem interpretações muito boas dos jovens actores, ainda que a meu ver o melhor seja mesmo Colm Meaney no papel do detective sem escrúpulos (muito boa toda a sequência do pseudo reality - show por ele idealizado). Aaaah e depois há aquela pronúncia irlandesa que também parece ter um papel contextualizador de toda a acção narrativa.
Achei abusiva e despropositada a câmara à mão em muitas das cenas do filme. Não foi uma mais valia para o fluir da narrativa, nem uma opção estética que oferecesse maior riqueza visual, nomeadamente nas cenas de maior acção.
Se querem mesmo exercitar os neurónios não o vejam. Se querem passar um bom momento num qualquer intervalo entre uma ida à casa-de-banho e a escrita de um post neste Blog, vejam sem complexos.
Pitta

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