quarta-feira, maio 12, 2010

Fruta Madura


O som é distinto. Destroyer rasga o éter por entre notas dissonantes e batidas distantes.
Ao fundo sopram os ventos numa antiga sala monasterial, enquanto ecoam as guitarras, ora suaves, ora aguerridas, mas sempre imberbes dos Ozma, como se L.A. estivesse aqui ao lado pejada de biquinis audazes enquanto caminho incógnito numa multidão de neons coloridos e promessas vazias. Assim como diz a canção, "Baseball" de seu nome.
Calam-se os ventos, nascem os vibrafones. Será Califórnia? Será o Noobai pelo sol quente, nas barbas do Adamastor? O contágio resulta e os Ruby Suns são os Animal Collective do Mediterrâneo. Também sabem a mar, com aura cosmopolita na reverberação psicadélica, no ritmo descompassado e sedutor. Olé Rinka.





Durante a adolescência tendemos a desvalorizar o que gravita em redor do nosso epicentro. Temos a sensação de que tudo se eterniza, ainda que a pilosidade facial não dê tréguas e as hormonas se movimentem a uma velocidade estonteante.
Quando passamos à fase adulta e o eterno se evapora, prometem-nos a impossibilidade de voltarmos a ser quem já não somos. Dizem-me "Shady Lane" e "Wish I Could". O júbilo fica lá atrás.
Entretanto o percurso segue por outro caminho enquanto os ventos voltam a soprar ao longe... como antes, como sempre... para sempre.

1 comentário:

Spanish Red disse...

A culpa é do calor: com as brisas nocturnas de Verão - em qualquer local da Terra -, a música é mais musical, os sentimentos são mais sentimentais, e as mentiras até parecem verdades. :)***