quinta-feira, junho 14, 2007

Homage

Confesso que estive um pouco reticente em escrever este post. Existem coisas que preferimos guardar só para nós e que por vezes parecem não fazer sentido quando partilhadas com outros - amigos, conhecidos, desconhecidos e neste caso espcífico cibernautas que falam e compreendem a língua portuguesa.

O que aqui hoje quero expressar é a minha homenagem a uma pessoa que de uma forma mais ou menos indirecta, foi uma espécie de madrinha do movimento musical do Cartaxo durante os últimos 9 anos.

Chamava-se Josefa (carinhosamente Zefa), era minha avó e faleceu no passado dia 31 de Maio.

Desde 1998 a sua casa foi local de ensaios de diversos projectos musicais. A maior parte deles desaparecidos, mas alguns ainda hoje no activo. Foi graças à sua boa-vontade (ainda que por vezes de uma forma menos pacífica) que uma grande parte desses projectos conseguiu um local para ensaiar, quando todas as outras portas se lhes fechavam. A Zefa poucas vezes reclamou pelo sossego a que tinha direito. Quando o fez foi com a razão inequívoca de quem sentia que estavam a ser ultrapassados os limites do bom-senso ou se preferirmos, os limites razoáveis da emissão de décibeis. De resto foi uma pessoa que se habituou ao fernesim do entra e sai quase diário de pessoas conhecidas, de pessoas desconhecidas, de material...
Fê-lo de uma forma passiva é certo, mas com a consciência tranquila de quem confiava em mim quase a 200%.


Foram incontáveis as vezes em que entrámos naquela sala de ensaio a horas pouco razoáveis e saímos de lá a horas ainda menos razoáveis, tendo em conta que estávamos numa casa de família. Na casa da minha família. Na casa da Zefa...

Ela dizia-me a propósito da carrinha que hoje conduzo e que sempre vi como minha: "Agora vê lá se estragas a carrinha. Olha que a carrinha é minha". Eu gozava, fazia piadas com os meus amigos, mas era verdade. A carrinha era mesmo dela, tal como a casa onde vivi com os meus pais, tal como a sala de ensaios que catapultou algumas bandas cartaxenses para um patamar onde nunca haviam chegado (Alone Among Thousands, Qwentin). Foi lá também que os Ciborium (banda do circuito do metal português) começaram a gravar partes de um dos seus albuns.

É essa homenagem que lhe quero fazer, listando algumas das bandas que por lá passaram durante estes últimos 9 anos:


  • Psycho and the Birds

  • Temple of Noise

  • Tomás Caveira

  • Huxley

  • Qwentin

  • ...do Guru!

  • Geração XXI

  • Excise

  • Ciborium

  • Over

  • Alone Among Thousands

E ainda: dezenas de projectos sem nome, jams improvisadas, devaneios pedrados...

Obrigado Zefa.


"Angels come to confort you" B.F.

2 comentários:

Mikulikukos disse...

Pelos jams disparatados de há uns anos atrás, obrigado Zeca!

Pink Lady disse...

A Dona Zefa terá de certeza muito orgulho no neto!

Beijinhos!