terça-feira, março 11, 2008

Selecção de 94

1993 - 2008. 15 anos.
A selecção é declaradamente influenciada pelo saudosismo de um "petiz" com 30 anos. O mesmo que ouviu o nascimento e a morte do grunge. Aquele que, amiúde, ouviu ser pronunciada a morte do rock. Os Noventas fizeram vénias ao pop rock britânico, proclamaram a morte do rock e deram início ao advento do revivalismo electrónico perdido entre o alvor dos oitentas e esquecido à entrada da nona década de 1900. Ok, esta é um selecção engavetada, mas desprentiosa, porque antes e depois tudo foi válido e continua a sê-lo.


A BASF Ferro II continha algumas destas pérolas:

  • Golden Palominos - I'm not Sorry (1993) - A composição parece ter sido feita à medida de Lori Carson. Uma audição cuidada desmente o assunto e põe a inocência e a versatilidade de Carson a cantar uma das melhores canções dos anos noventa. Um autêntico bálsamo para um teenager que vivia os seus primeiros sérios desgostos amorosos.
  • Madder Rose - Panic On (1993) - Uma melodia melancólica com traços rítmicos a fazer lembrar o emergente trip hop "Bristoliano". E aquela voz...

  • Sonic Youth - Bull in the Heather (1994) - Um trilho tumultuoso a demarcar-se do sucesso imprevisível de Dirt. Um limão ácido marca presença no repertório suave de meados de 90.
  • Beck - Loser (1993) - Antes da escala planetária o esguio cantautor passou no éter da Comercial sem que (quase) ninguém desse por ele. Foi preciso chegar o Verão de 94 para pôr toda a gente a cantar: "Soy un perdedor"... O resto da história é por demais conhecida.
  • Frank Black - Headache (1994) - Os meus 16 anos não se aperceberam que os Pixies tinham terminado apenas 2 anos antes. O fascínio pela figura de proa da banda era imenso. Headache é uma das canções mais refrescantes da história da pop e o álbum que a contém (Teenager of the Year) é uma caldeirada condimentada com, rock sem espinhas, pop refinada, reggae electrónico, punk, e outros géneros descomplexados (favor ver um dos primeiros posts deste blog).
  • Pavement - Cut Your Hair (1994) - A banda mais séria de todas as que aspiram apenas a um cantinho pequenino na história do rock independente. Todos os discos dos Pavement são bons, mas esta canção é a afirmação de uma tendência sonora e estética já a querer demarcar-se do lo-fi caro ao registo de estreia, Slanted & Enchanted.
  • Crash Test Dummies - MMM, MMM, MMM, MMM (1993) - Acreditem ou não os C.T.D. já foram uma banda de franjas mais alternativas. Não é uma canção de que alguma vez tivesse gostado muito. É morninha e ouvi-la recorda-me os doces 16 anos.
  • Weezer - Undone (The Sweater Song) (1994) - A nerdice aplicada ao rock. Quando a simplicidade se aliou a uma ingenuidade sincera e mesmo pueril, a guitarra de Rivers Cuomo tocou por desamor. Desamor de uma adolescência gozada e pouco levada a sério. Rivers não se importou de a escrever. Que bem fez ele...
  • Boo Radleys - Wake Up Boo! (1995) - Algures neste blog mencionei um dia, que esta canção tinha sido considerada a mais alegre de todos os tempos, segundo parâmetros de avaliação que incluíam a estrutura harmónica e melódica, a letra, entre outros. Este tipo de estudo vale o que vale, mas os B.R. embarcaram na pop fresca de meados de 90 sem qualquer tipo de recurso a artíficios ou pose de super estrelas. Talvez por isso nunca tenham obtido o mérito que lhes é devido.
  • Inspiral Carpets - Saturn 5 (1994) - Injustamente engavetados na segunda linha de Manchester, os Inspiral Carpets misturavam o espírito mais efusivo e sorridente dos Doors com o ácido dos Happy Mondays e de toda a movida de Manchester.
  • Que bom era ouvi-los às duas da manhã.
  • Renegade Soundwave - Positive ID (1994) - Provavelmente a música de dança que ouvi durante mais tempo. Do meu quarto rumava até uma imaginária Nova Iorque fora de horas.
  • Luna - Tiger Lily (1994) - Embora na K7 tenha ficado outro registo (Great Jones Street) do mesmo disco (Bewitched), Tiger Lily foi a canção pop-mistério de 1994. Percorri lojas de música nos anos seguintes à procura do dito disco que infortunadamente, por via da lei da oferta e da procura, nunca consegui encontrar até uma belíssima tarde na antiga Virgin dos Restauradores onde finalmente consegui adquiri-lo a peso de ouro. Valeu a pena.

Sem comentários: