terça-feira, julho 31, 2007

Sines: Quarta 25 - Ébrios Reencontros


Saio apressado da Primavera para apanhar o expresso para Lisboa onde tinha encontro marcado com os meus companheiros de viagem: Ricardo, Apache e Papier. Chego à justa para embarcar. A viagem faz-se com a pressa de chegar.
Na saída em Sete Rios aproveito para registar as primeiras impressões na PowerShot.
Agarro na mochila carregada de roupa, tenda, saco cama e afins higiénicos e dirijo-me para a estação de metro do Jardim Zoológico.
Tinha combinado com o Ricardo às 17:30 na Fundação Calouste Gulbenkian (local onde se encontra a realizar o seu estágio profissional).
Chego uma hora adiantado e depois de nos encontramos fico a conhecer o espaço onde desde o dia 4 de Junho até ao passado Sábado, dia 28 de Julho aconteceu uma residência de artistas inserida no âmbito do Fórum Cultural “O Estado do Mundo”.
Encontro o meu amigo Zé Cordovil que se encontra também a estagiar naquela instituição, mas na área da produção/direcção de cena. Damos dois (ou cinco) dedos de conversa sobre o evento que decorre no espaço; as velhas questões de divergência entre técnicos e artistas as limitações humanas e logísticas do espaço… Enfim, tudo aquilo que também senti quando estagiei à um ano atrás na Culturgest. Foi um encontro breve mas divertido.
O Papier chega antes das 18:00 e temos ainda tempo para conversar antes da chegada do Apache e da despedida do Ricardo.
Depois das bagagens bem acondicionadas no pequeno Clio, partimos em direcção ao sul. A ponte 25 de Abril esperou-nos com pouco movimento.
Aproveitamos para nos abastecer na primeira área de serviço logo depois da ponte. A conversa segue amena, com questões políticas, retóricas de pseudo-esquerda, esquizo-direita e com o aproximar do destino o tema muda radicalmente. Agora fala-se da planície alentejana, dos animais que pastam nas planícies que ladeiam as curvas e as rectas que nos conduzem a Sines.
À chegada abraços efusivos aos meus amigos: Guru, Rita (que tive o prazer de conhecer), o pacato Hermano, e a louca Raquel.
Damos entrada no parque, enquanto eu vou trazendo umas cervejitas do café mesmo à entrada.
Montamos as tendas e o toldo a mil à hora, de forma a chegarmos a tempo de ver um dos maiores percussionistas do mundo: Trilok Gurtu.


A entrada no castelo de Sines é calma e rapidamente nos apercebemos de que chegámos antes de tempo. Reencontro o Benfas, que logo me diz que tem de voltar ainda nessa noite para o Algarve por motivos profissionais. A ver vamos.
Depois da cerimónia protocolar de abertura do festival em Sines (uma vez que a primeira parte já havia decorrido de Sexta, 20 a Terça 24, em Porto Covo), começa a maratona de música com Trilok Gurtu. Um espectáculo tecnicamente irrepreensível, com recurso a uma fórmula vencedora. Uma banda de músicos virtuosos, comandados por um discreto Trilok, que ainda assim teve espaço para um portentoso solo de tablas. Bom, mas um pouco insípido.

Intervalo. Não existem filas para os WC’s nem para as barraquinhas das bebidas. Um bom pretexto para ficar na conversa com os amigos ao balcão, enquanto os britânicos Bellowhead dão um concerto literalmente alto.
Volto ao balcão e o meu estado vai mudando gradualmente: primeiro o ébrio feliz e alegre, durante a actuação de Oumou Sangaré - da qual também guardo apenas vagas memórias -, para o ébrio autista já na Avenida da Praia, durante a actuação dos japoneses Oki Dub Ainu Band.
Aproveito para cirandar sozinho, ora pela área da restauração, ora junto do palco, onde consigo tirar algumas fotografias. Volto para junto da restauração onde tenho um discussão saudável com a Raquel sobre relações abertas.
Na volta ao parque fica a sensação de cumprir um dever. É por isso que entro no carro do Apache com o Benfas e o Ricardo e seguimos em direcção a Portimão, onde o Benfas teria de estar para trabalhar logo de manhã.
O relógio marca seis da manhã e mais não sei o que aconteceu durante a viagem.

No dia dos reencontros a música ficou em segundo plano sem perdas de maior (pelo menos segundo a opinião de quem esteve mais atento).
Nos dias seguintes a situação ficou mais equilibrada.
Mas...
Já lá vamos.

segunda-feira, julho 30, 2007

O Mundo em Sines e a magia dos reencontros


Confesso que foi difícil começar a escrever este post. Em primeiro lugar porque foi a minha primeira ida ao Festival Músicas do Mundo que conta já com nove edições. Depois porque esta deslocação ao litoral alentejano serviu também para um encontro salutar entre amigos. Como tal, o que passo a redigir é o resultado de uma experiência intensa de três dias de convívio, amizade, música e alguns copitos.
O diário de bordo segue já a seguir.

sexta-feira, julho 20, 2007

Hype: Qwentin em Compilação da Underworld Entulho Informativo


Os Qwentin serão uma das bandas presentes no CD compilação da edição de Julho da Underworld Magazine. A edição com CD é limitada a 2 000 cópias e terá distribuição gratuita em vários pontos do país. A informação dos conteúdos do CD estarão disponíveis na revista impressa.

NFO Kronikoj é o nome do tema apresentado pelos Qwentin nesta compilação e será o single de apresentação do seu album de estreia - Première - a editar durante o segundo semestre de 2007.

A banda prepara-se para começar a rodagem do clip do referido tema, com direcção de Ricardo Leal e produção de Qwentin.

Novidades para Breve.



quinta-feira, julho 19, 2007

Músicas do Mundo em Porto Covo e Sines


O Festival Músicas do Mundo arranca já na próxima Sexta-feira, dia 20 de Julho.
À semelhança do ano passado, o Festival dividir-se-á em duas partes: de 20 a 22 de Julho, os concertos decorrerão em Porto Covo e de 23 a 28 os palcos mudam-se para a cidade de Sines.
Em Sines as actuações serão em três espaços distintos: Centro de Artes, Avenida da Praia e Castelo.
Haverá espaço para workshops para crianças, cinema, animação de rua e conversas com alguns artistas.
O cartaz é - mais uma vez - bastante aliciante, estando confirmadas as presenças de Trilok Gurtu (uma das actuações mais aguardadas deste ano), no dia 25 pelas 21h30 no Castelo, Bitty McLean que iria ser coadjuvado pela dupla Sly and Robbie, mas que devido a um acidente de Robbie teve de cancelar a sua vinda.
Destaque ainda para os portugueses Carlos Bica e o seu Trio Azul no dia 26 pelas 21h30 e Rão Kyao (ainda em Porto Covo no dia 22 pelas 23h00).

O melhor mesmo é consultar todo o programa em www.fmm.com.pt e tentar não faltar a mais um FMM.

quarta-feira, julho 18, 2007

Jesus no SBSR

Confesso que estou viciado... De novo... AAAAAHHHHHHHHHHHH.


sexta-feira, julho 13, 2007

Concertos na Avenida da Liberdade


Vem tarde mas aqui fica:

maratona de concertos na Avenida da Liberdade esta sexta
A Avenida da Liberdade, em Lisboa, vão ser palco de uma verdadeira maratona de concertos esta sexta. CAVEIRA, Tropa Macaca, One Might Add ou Frango são alguns dos nomes presentes.
Os concertos decorrerão no primeiro andar do número 211 da Avenida da Liberdade. O conceito dos 13 concertos assenta em sessões de improviso e jam sessions.
Haverá, ainda, espaço para tendas de discos e afins. Começa às 21:30 e a entrada custa €5.

Fonte: http://www.discodigital.pt/




terça-feira, julho 10, 2007

Festival Pedras D' Água - 13 a 15 de Julho


O Festival Pedras D' Água é um evento realizado anualmente pelo C.E.M. (Centro Em Movimento). Este ano decorrerá durante os dias 13 e 15 de Julho e terá a participação de vários artistas que apresentarão os seus trabalhos em diversos espaços da cidade de Lisboa.

Destaque especial para o projecto desenvolvido pelo meu amigo Rui Chaves que, em parceria com a colega Mara Silva irão apresentar uma instalação site specific na estação de metro da Baixa-Chiado.

Fica feito o convite para uma visita a este e aos restantes trabalhos em exibição na edição deste ano do Festival Pedras D' Água.


Poderão obter mais informações em: http://www.c-e-m.org/

sexta-feira, julho 06, 2007

Never Understand, de 85 para 07

De shoegazers de 85

para rockers de 07


quinta-feira, julho 05, 2007

O novo paradigma astral do Rock Show (com Jesus e afins pelo meio)


Qual terá sido a conjuntura astral no dia 29 de Novembro de 1977? Melhor, gostava de saber porque raio as minhas duas bandas de referência são, muito provavelmente as menos comunicativas e porventura as mais antipáticas que já vi ao vivo.
Pixies e Jesus and Mary Chain nunca tiveram de provar a ninguém a qualidade e originalidade do seu som. Surfer Rosa e Psychocandy - goste-se deles ou não - são dois discos maiores na história do rock. Marcaram uma época e mais do que isso, abriram portas para o sucesso de projectos ulteriores. Constate-se com os Nirvana e uma boa parte do rock dos anos 90, mas também, e no caso dos Mary Chain, com os Black Rebel Motorcycle Club, os My Bloody Valentine e tantos outros. "Tomem a semente meus filhos. Colhei com ela aquilo que o nosso tempo não deixou". Seria isto que Black Francis poderia ter dito a Kurt Cobain ou os irmãos Reid a Kevin Shields dos My Bloody Valentine. Coisas do tempo, mas hoje ninguém parece estar muito interessado neles - Pixies e Mary Chain, entenda-se. Datados, reunidos fora de tempo são rótulos que estamos habituados a ouvir quando se fala destas e outras bandas.
Serão os cabelos brancos que me vão aparecendo? Estarei a ficar cota? Nããããããããõooo...
Enfim, sinal dos tempos. E se de tempo falamos, convém sublinhar que emerge um novo paradigma de concepção estética e musical no que aos festivais de música diz respeito.
Os anos 90 foram o paradigma da obsessão perfeccionista. Em nome próprio ou encafuadas num qualquer festival de Verão, as bandas tentavam a todo o custo não denunciar as suas próprias fragilidades ou as falhas técnicas que lhes eram alheias. Disfarçavam-se os pedidos de nivelação sonora deste ou daquele instrumento nas colunas de monição individual, disfarçava-se convincentemente um acorde "ao lado". Saíamos dos concertos com a sensação da quase perfeição (não fossem os aglomerados junto à linha da frente e esta ou aquela cabeça de gigantone que não deixava fruir do prazer que é estar defronte dos músicos que admiramos).
A situação inverteu-se e hoje o erro e a imperfeição são parte integrante do espectáculo.


Pronto, eu confesso. Estive no 2º e 3º dias do SBSR, vi a maior parte das actuações e posso garantir-vos com toda a certeza que os pedidos de subida ou descida de volume na monição foram uma constante durante essas mesmas actuações. Com maior ou menor frequência, os "desavergonhados" viravam-se para o técnico de palco, apontando para um ou outro elemento da banda, gesticulando de uma forma que pode ser considerada como linguagem gestual bilateral – dedo para cima sobe monição, dedo para baixo desce monição.
Por outro lado, o acorde "ao lado" ou o "break" que acaba mais cedo já não é visto com desdém, mas sim com um sorriso. Errar é humano, rapaziada. Aqui há dias o meu amigo Guru dizia-me que o Lars Ulrich, baterista dos Mettalica mandou uns quantos "pregos" durante a actuação da banda no primeiro dia de SBSR. Também nada têm a provar. Foram os inventores e projectores do trash.
Houve no entanto uma excepção ao que acabo de dizer: Mary Chain. Não vi pedidos de de subida ou descida na monição de palco, mas vi e ouvi muitos erros e algumas bizarrias.
A banda entra em palco e a guitarra de William não toca (cheira-me a esturro do roadie). Três minutos em compasso de espera até à resolução do problema, et voilá, torrentes de distorção para avançar com Never Understand. William vai "ao lado", enquanto o irmão Jim olha com ar reprovador (a distância entre ambos em palco é incrível). Depois, na mítica Some Candy Talking Jim engana-se na letra num momento que facilmente seria remediável. Jim lança um "Fuck. Sorry 'bout that. Let's start again". O erro está lá – como aliás sempre esteve nos Jesus – mas de mau humor, não com os sorrisos dos Bloc Party ou dos Clap Your Hands Say Yeah. Jim é um perfeccionista cáustico e irascível. Um perfeccionista à boa moda dos 90, sem nunca almejar esse estado de "normalidade" ao vivo. Outra coisa não seria de esperar de um homem que diz nunca ter subido sóbrio para o palco desde a formação da banda em 1983 até à sua dissolução em 1998.
Dito isto, são os perfeccionistas mais imperfeitos que já vi ao vivo.
Quem joga no limite corre sempre o risco de ficar engavetado no tempo, mesmo que as desintoxicações de álcool e drogas os mantenham falaciosamente afastados do limbo, mesmo que, se estivesse ébrio ontem durante a sua actuação este tivesse sido muito provavelmente o concerto da minha vida. Assim, não sei bem o que foi. Ainda bem.